ANO ESPECIAL DE SÃO JOSÉ
Ano especial dedicado a São José e à Sexta Semana Social Brasileira-2021
Pe. Nelito Dornelas
A saudável devoção aos santos e santas não caiu de moda, nem perdeu sua validade. Eles são modelos e intercessores junto de Deus, em nosso seguimento a Jesus de Nazaré. Cada grande época de transição histórica encontrou nos santos e santas seu protagonismo.
Somente os santos e santas têm a força e o discernimento necessários para irem contra a corrente e suportar os grandes traumas que as mudanças comportam, pois eles trazem em si as marcas da reconciliação e da caridade que testemunham a vitalidade e a força invencível de um Deus Pai e Mãe, capaz de suportar os mais duros sacrifícios, mesmo diante das aparentes derrotas e falências que nos são impostas.
São José, patrono da Igreja Católica ainda tem muito a nos ensinar nesta travessia, em especial nestes sombrios tempos de tamanho estrago provocado pela pandemia do corona virus.
Ao proclamar o Ano especial de São José com a Carta Apostólica Patris Corde - Com Coração de Pai, o Papa Francisco nos convida a voltar nosso olhar para São José, a personificação do Pai celeste. Nele há um equilíbrio no mistério de Deus que se revelou à humanidade. O Espírito Santo veio sobre Maria e fez morada nela. Em seu seio, por causa da presença do Espírito Santo, começou a se formar a santa humanidade do Filho do Pai. O Filho se encarnou em Jesus, mas o Pai não ficou fora desse processo, pois ele também participa da encarnação.
O Pai celestial é o que cuida de todo o universo e de cada um de nós, à semelhança de São José, que cuidou da família em tudo o que fosse necessário. Como criador de todas as coisas, o Pai é bem representado pela figura de José, porque o Pai é o mistério absoluto e silencioso, que fala não por si mesmo, mas pelo Filho. São José também é o homem do silêncio e trabalhador que fala pela laboriosidade de suas mãos criadoras de casas, janelas, portas e telhados, lugares de abrigo e de construção de lares e de vivência da Igreja doméstica. Com ele aprendemos a construir pontes e não muros.
São José comparece como a figura mais adequada para receber em sua vida a encarnação do Pai que também veio morar conosco, podendo ser apresentado como a personificação do Pai celeste. Assim temos a família divina encarnada na família humana. A totalidade do mistério da Santíssima Trindade entrou em nossa história e a santificou. São José é parte desta entrega total do Deus-família à família humana.
O Ano especial de São José nos fará refletir sobre essa conexão para nos sentirmos mais envolvidos pela presença divina e tomarmos consciência de que o nosso Deus é um Deus próximo e que se revelou assim como é, como Pai em José, como Filho em Jesus e como Espírito Santo em Maria.
Que neste ano de 2021 nossos olhares se voltem para este pai bondoso, companheiro, fiel, amigo e protetor da Igreja, das famílias, dos trabalhadores e trabalhadoras e nos ajude neste grande Mutirão pela Vida, para que todos tenham Terra, Teto e Trabalho, dinâmica assertiva da Sexta Semana Social Brasileira.
Ano especial dedicado a São José: uma reflexão de fé e esperança
Pe. Nelito Dornelas
Impulsionados pelo Papa Francisco, com a carta apostólica Patris corde, com Coração de pai, dedicando um ano especial a São José, voltemos nosso olhar para este ícone, que é a personificação do Pai celeste. Nele há um equilíbrio no mistério de Deus, que se revelou à humanidade visitada pelo Espírito Santo no seio virginal de Maria e fez morada nela. Em seu seio, por causa da presença do Espírito Santo, começou a se formar a santa humanidade do Filho do Pai, que se encarnou em Jesus. Como o Pai não ficou fora desse processo, Ele é bem representado pela figura de São José, porque o Pai é o mistério absoluto silencioso e realizador de um sonho, a criação divina e, ao mesmo tempo, sua redenção.
São José também é envolvido pelo misterioso silêncio, gestor de sonhos e capaz de criar um novo mundo. O Pai celestial, ao criar, reveste de cuidado toda sua obra e a envolve com a luz de seu olhar. À semelhança do Pai Celestial, São José cuida de tudo aquilo que, nem mesmo os seus sonhos foram capazes de alcançar, porém seu coração soube acolher e transformar.
Depara-se com aquela misteriosa paternidade, a assombrosa ameaça de morte à sua família e aos filhos de Raquel “Em Ramá se ouviu uma voz, choro e grande lamentação. É Raquel que chora seus filhos, ela não quer consolação, porque eles não existem mais” (Mt 2, 18). Enfrenta a impiedosa migração forçada, o árduo trabalho manual e o incansável peregrinar. Por tudo isso, São José é qualificado como a pessoa mais apropriada para receber em sua vida a vinda do Pai, que também veio morar conosco e compartilhar de nossa sorte.
Tinha razão Dom Helder Câmara, quando se referia ao mistério que envolve a vida de Jesus, com estas realistas e desconcertantes palavras: “Gosto de pensar no Natal como um ato de subversão. Um menino pobre, uma mãe solteira, um pai adotivo. Quem assiste seu nascimento é a ralé da sociedade, os pastores. É presenteado por gente de outras religiões, os magos, astrólogos. A família tem que fugir e assim foram transformados em refugiados políticos. Depois voltam a viver na periferia. O resto a gente celebra na Páscoa, mas com a mesma subversão. Sim! A revolução virá dos pobres! Só deles pode vir a salvação! Feliz Natal!! Feliz subversão”.
Na Igreja de São Francisco Xavier, no vilarejo de Saint François du Lac, em Quebec, no Canadá, há um quadro de 1742 que representa São José com o mesmo rosto do Pai celeste, que aparece no alto. De fato, São José é a personificação do Pai celeste, pois graças à presença de São José na Sagrada Família, temos o ícone da família divina encarnada na família humana com todas as suas contradições e seus desafios. A totalidade do mistério da Santíssima Trindade entrou em nossa história e a santificou. São José é parte desta entrega total do Deus-família à família humana.
Com o poema o Divino Recado de Zé Vicente, fazemos nossa homenagem a São José e a todas as pessoas, que se deixam guiar pela força do mistério e dão seu sim generoso ao chamado divino a um compromisso transformador e libertador, mesmo diante dos absurdos com os quais nos deparamos nesta vida.
“Mensageiro que Deus enviou, veio trazendo divino recado. Pra menina o anjo anunciou que o seu Deus estava apaixonado! Ela disse "sim" e se entregou. E o dia da graça enfim começou. E o amor se fez corpo no corpo de mulher, de Maria de Nazaré! Carpinteiro e trabalhador de Maria enamorado. Se envolveu no mistério do amor e de Deus se tornou aliado. Ele disse "sim" também aceitou e a vida enfim alegrou e cantou. E o amor se fez Filho de um homem de fé, de um artista chamado José! Companheiro e libertador do divino o Filho amado. Todo cheio da graça e do ardor aos mais pobres se fez consagrado. Ele disse "sim" e se encarnou e a boa notícia enfim se escutou. E o amor se fez gente como a gente é em Jesus homem de Nazaré!”
Um abençoado Natal e um ano novo de renovada esperança!