TODOS OS SANTOS

 

Festa de Todos os Santos - Pe. Nelito Dornelas


Não é sem razão que a igreja hoje propõe a liturgia dos bem-aventurados do evangelho de São Mateus para que nós possamos refletir e meditar sobre a santidade, não há caminho melhor do que os do bem-aventurados, das bem-aventuranças, para que nós possamos viver a plenitude da santidade de Deus em nós. 

Uma certa ocasião estive no México numa comunidade indígena, cuja paróquia era paroquia dos bem-aventurados e os padroeiros eram exatamente as categorias dos bem-aventurados e quando havia a festa do Padroeiro, cada noite era dedicada a uma categoria de bem-aventurados, os pobres, outros misericordiosos, de coração puros, os mansos, os promotores da paz, os que são perseguidos por causa da justiça e era uma fatura tremenda de vida partilhada naquela comunidade. Eu estive justamente nos festejos dos bem-aventurados, que em espanhol se chama de ditosos e aquilo me chamou muita atenção.

E das oito bem-aventuranças, nós podemos destacar aqui três bem-aventuranças que eu considero essenciais para hoje.

Nós vivemos a plenitude da santidade, primeira bem-aventurança que eu destaco, bem-aventurados os Puros de Coração porque verão a Deus, a pureza de coração para ver Deus que a condição é essa, refere-se a nossa dimensão espiritual, a nossa dimensão mística e transcendental.  É por aí que nós vamos construir realmente uma vida nova. uma vida em que Deus tenha a liberdade de poder trabalhar em nós com a sua graça.

A segunda bem-aventurança, aventurados os Mansos porque possuirão a Terra, que é ligação com a natureza, com a criação, com o ambiente, a proteção, o cuidado com a vida, cuidado com a comunidade de vida, o cuidado com a dimensão ecológica, existencial, material da nossa vida e te servir em trança 

E a terceira bem-aventurança, bem-aventurados os Misericordiosos porque alcançarão misericórdia, que é a relação do Cuidado com as pessoas, portanto, eu acredito que pureza de coração, cuidado da fé e espiritualidade da Mística, Mansidão, o cuidado com a criação, e, Misericórdia, cuidado com as pessoas são as condições fundamentais para que nós possamos ter uma vida Santa.

Como nós também vamos encontrar três outras dimensões no Pai Nosso que se identificam com essas três bem-aventuranças que são três palavras que começam com a letra P, Pai, Pão e Perdão. Então, Pai é o coração puro para ver Deus, a dimensão da Fé, o Pão é a matéria, o cuidado com a criação, é a mansidão para ganhar o pão de cada dia com suor do rosto, e o Perdão, a misericórdia, relação com as pessoas. Que coincidem também com as três palavras de Jesus quando ele se refere a si mesmo dizendo eu sou o caminho, a verdade e a vida.

Portanto, pureza de coração e pão se identifica com o caminho, quando nós pensamos aqui na mansidão e nós pensamos no pão a dimensão material, nós estamos pensando aqui na verdade, e quando nós pensamos aqui na dimensão da misericórdia e na dimensão do pão, nós estamos pensando aqui na vida. A vida que tem que ser cuidada, que tem que ser protegida, que tem de ser amparada, e que também coincidem com aqueles três outros conceitos que nos são propostos por Jesus, arrancar um olho, arrancar a mão e arrancar o pé para que nós não entremos para a vida sem essa Purificação. 

Então,  arrancar um olho, nós temos dois olhos, duas mãos, e dois pés, o olho é dimensão ideológica dimensão cultural e espiritual na nossa vida que é dimensão da fé, a mão, é dimensão econômica, do trabalho, do pão, da mansidão para cuidar da criação, economia solidária sustentável, e o pé, é dimensão relacional, dimensão política, dimensão humana, relação com o outro, então, portanto, a dimensão da Misericórdia dimensão do perdão, está ligado ao pé, a política da vida, portanto, quando nós nos deparamos com esses conceitos, nós percebemos que uma vida Bem Aventurada ela passa por essas três dimensões essenciais. 

Eu diria que hoje, nesse contexto de pluralismo religioso, pluralismo cultural quem sabe nos deveríamos conjugar novas bem-aventuranças ou atualizar essas novas bem-aventuranças para que nós possamos ter de fato uma vida ditosa, uma vida Bem-Aventurada e uma vida santificada. 

Por isso, eu diria assim bem-aventurado as pessoas que amam a sua igreja, que sabem dizer quem são sem desvalorizar o outro, bem-aventurada as pessoas que sabem ouvir e querem conhecer os outros e as outras, bem-aventuradas as pessoas de igrejas diferentes que trabalham juntas por um mundo melhor, que partilham dons e recursos da evangelização, que sabem curar feridas, que ensinam crianças jovens e adultos na espiritualidade, bem-aventurada, ecumênica, reconciliada, que veem na diversidade uma riqueza, que vive a alegria da oração ecumênica, que cultivam as qualidades necessárias à vida cristã compartilhada, que vivem a dimensão da conversão pastoral e da conversão ecológica,

E para finalizar eu lembro aqui de Santa Tereza d'Ávila que tinha uma vida muito bem-aventurada, ela dizia que a bem-aventurança ela rezava desta forma: Senhor quando estiver faminta, dá-me alguém que precise de alimento, quando eu tiver sede, envia-me alguém que precisa de água, quando tiver frio, envie-me alguém para acalentar, quando estiver ferida, dá-me alguém para consolar, quando a minha cruz se tornar pesada, dá-me a minha cruz do outro para partilhar.  Quando eu for pobre, trás perto de mim alguém que esteja necessitado, quando não tiver tempo, dá-me alguém para que eu possa ajudar um instante, quando eu for humilhada, dá-me alguém que precise do meu elogio e quando estiver desanimada, envia-me alguém para eu animar, que assim possamos viver hoje uma vida ditosa e bem-aventurada.

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