BEM-AVENTURADO CHARLES DE FOUCAULD

 

Bem aventurado Charles de Foucauld

Pe. Nelito Dornelas

Na festa de Pentecostes de 2021 o Papa Francisco irá canonizar o Bem aventurado Charles de Foucauld, que fora beatificado aos 13 de novembro de 2005 por Bento XVI.

Nestes dias em nosso retiro anual da Fraternidade Sacerdotal Jesus Catitas, que tem sua inspiração em Charles de Foucauld, o qual chamamos carinhosamente por Irmão Carlos, fiz algumas anotações do seu pensamento que acompanharam minhas meditações.

O Irmão Carlos nasceu no dia 15 de setembro de 1858 em Estrasburgo, na França, numa família nobre, do Conde de Foucauld. De inteligência brilhante e espírito inquieto, entrou para o Exército Francês, tornando-se seu oficial. Fez uma expedição de exploração pelo Marrocos adentrando pelo Deserto do Saara. Como cartógrafo fez o primeiro mapa daquela região, merecendo um prêmio da Academia por relevante serviço. Bem cedo perdeu a fé e viveu intensas aventuras existenciais. O testemunho de fé dos muçulmanos provocou uma reviravolta em sua vida, que desencadeou em sua conversão ao cristianismo aos 30 de outubro de 1886, aos pés do Pe. Hivelin, com apoio de sua prima Maria de Bondy. É ordenado padre aos 9 de junho de 1901 e prefere exercer seu ministério na Argélia entre os muçulmanos, desde o dia 28 de outubro de 1901 a 1º de dezembro de 1916, quando foi assassinado em Tamanrasset na Argélia.

O que ele procurou fazer, segundo sua expressão, foi Gritar o Evangelho com a própria vida! vivendo o apostolado da bondade e lutando por criar uma fraternidade universal. “O meu apostolado deve ser o da bondade. Vendo-me, devem poder pensar: se este homem é tão bom, quanto não deve ser bem melhor o seu Mestre.” Queria ser chamado de irmão e sua ermida de fraternidade.

No meio do povo Tuaregue com o qual conviveu por 15 anos, escreveu o dicionário daquela língua oral e transcreveu muitas de suas poesias, valorizando e respeitando profundamente sua cultura.

 Para ele todo cristão, toda cristã deve ser apóstolo. Isso não é um conselho, é um mandamento, o mandamento da caridade. E perguntava com que meios se pode ser apóstolo? Com os melhores, tendo em vista aqueles a quem se dirigem, todos aqueles com quem estão em contato, sem exceção, pela bondade, pela ternura, pela oferta fraterna, pelo exemplo da virtude, pela humildade e pela doçura, sempre atraentes e tão cristãs. Todo cristão deve olhar a cada ser humano como um irmão querido. Se ele é pecador, inimigo de Deus deve ser considerado um doente, muito doente. Precisa-se ter por ele uma compaixão profunda e cuidados fraternos como por um irmão insensato.

Os não-cristãos podem ser inimigos de um cristão, ao passo que um cristão é sempre o bom amigo de cada ser humano, ele tem por todo o sentimento do coração de Jesus. Ser caridoso, manso, humilde com todos é o que aprendemos com Jesus. Não ser guerreiro com ninguém. Jesus nos ensina a ir como ‘ovelhas entre os lobos’, não a falar com aspereza, com rudeza, nem a injuriar, nem a pegar em armas. Doar-se todo a todos para dá-los todo a Jesus, fazendo-se oferta fraterna para com todos. “Sejamos mansos como o cordeiro de Deus, sem armas para atacar, sem armas para defender-nos.”

Irmão Carlos procurou imitar a Jesus em sua vida oculta em Nazaré. “A imitação é a medida do amor, é o segredo da minha vida. Eu perdi meu coração por este Jesus de Nazaré crucificado há mil e novecentos anos e passo a minha vida tentando imitá-lo, na medida em que minha fraqueza permite.”

Outra preocupação que invadia o coração do Irmão Carlos é a ligação estreita entre a Eucaristia e o serviço ao irmão. “Não há frase no evangelho, acredito eu, que me tenha causado impressão mais profunda e transformado mais a minha vida do que o que diz: ‘o que fizerdes a um desses pequeninos, é a mim que o fizerdes’. Se consideramos que essas palavras são as palavras da Verdade encarnada, as palavras saídas da boca de quem disse: ‘isto é o meu corpo. Isto é o meu sangue’, com que força somos levados a buscar e a amar Jesus nos pequeninos, nos pecadores, nos pobres!”

Depois que ele abraçou a fé não sabia mais viver fora dela. “O justo vive realmente desta fé, pois ela substitui para ele maior parte dos sentidos da natureza. Assim, aquele que vive da fé tem a alma cheia de pensamentos novos, de gestos novos, de julgamentos novos (...) Envolvido por essas verdades totalmente novas que o mundo nem desconfia, ele necessariamente começa uma vida toda nova. Que aquele que vê a luz e lhe dá seu devido valor, a estime infinitamente, a ela se agarre inviolavelmente, siga-a sempre, não se deixa desviar por nada.”

Diante de todos os problemas que nos afligem, deixou-nos esta mensagem de esperança.  “Nunca percamos a coragem, sempre tenhamos esperança! Estamos à beira do abismo, vamos perecer, merecemos perecer, devemos, por justiça, perecer, depois de nossas múltiplas ingratidões, nós estamos perecendo: é justamente a nós que Jesus vem salvar. Infinitamente bom e infinitamente poderoso, Ele vem salvar os que estão perecendo. Que até o último minuto, enquanto houver um sopro de vida, tudo Nele espere!”

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