DEVOÇÃO MARIANA NA PANDEMIA

 

A DEVOÇÃO MARIANA EM TEMPO DE PANDEMIA

No dia 11 de março, o Papa Francisco fez uma oração especial a Nossa Senhora do Divino Amor, padroeira de Roma, para encomendar a cidade, a Itália e o mundo, diante "deste momento de provação" por causa da pandemia do coronavírus.

Esta é a oração que o Papa Francisco recitou:

Ó Maria, tu sempre brilhas em nosso caminho como sinal de salvação e esperança. Nós nos entregamos a ti, saúde dos enfermos, que na cruz foste associada à dor de Jesus, mantendo firme a tua fé.

Tu, salvação do povo romano, sabes do que precisamos e temos a certeza de que garantirás, como em Caná da Galileia, que a alegria e a celebração possam retornar após este momento de provação.

Ajuda-nos, Mãe do Divino Amor, a nos conformarmos com a vontade do Pai e a fazer o que Jesus nos disser. Ele que tomou sobre si nossos sofrimentos e nossas dores para nos levar, através da Cruz, à alegria da Ressurreição.

Sob a tua proteção, buscamos refúgio, Santa Mãe de Deus. Não desprezes as nossas súplicas, nós que estamos na provação, e livra-nos de todo perigo, Virgem gloriosa e abençoada. Amem!

Este ícone tem uma estreita ligação com os papas e é muito querido do Papa Francisco que, antes e depois de cada viagem internacional, o visita e deposita flores a seus pés.

No jubileu do ano 2000, o Papa São João Paulo II entregou este ícone aos jovens na Jornada Mundial da Juventude, juntamente com a Cruz peregrina.

Nos passos de Francisco, o Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) realizou um ato de consagração da América Latina e do Caribe à sua padroeira principal, Nossa Senhora de Guadalupe, no Domingo de Páscoa, na intenção do cessamento da pandemia e em solidariedade às suas vítimas.

Ainda que a quarentena e a distância nos impeçam de estarmos presencialmente na vida das pessoas que amamos, vemos surgir tantos gestos e testemunhos de doação de vida, de solidariedade, de generosidade, de sensibilidade, de redescoberta e vivência da Igreja doméstica, de respeito e tolerância, de preservação do meio ambiente, de revisão e mudança de mentalidades e posturas, de reeducação, atualizando a visitação de Maria e sua intercessão pelo bem da humanidade.

Em sintonia com a Campanha da Fraternidade em seu lema: viu, sentiu compaixão e cuidou, elevemos nossa prece ao Deus da vida, sob a intercessão da Mãe do Divino Amor:

Que ela nos ensine a nos proteger dos vírus; auxilie na cura dos infectados; ajude-nos no exercício consciente da prevenção e do isolamento social; afaste-nos o pânico e o desespero; eduque-nos para não sermos indiferentes aos dramas dos povos, sobretudo, os migrantes, refugiados, populações em situação de rua, os indígenas e os pobres; fortaleça e proteja os profissionais da saúde; ilumine os cientistas e estudiosos para a descoberta de medicamentos e de vacina de cura, não a serviço do mercado, mas da vida; dê sabedoria, juízo e bom senso aos governantes; não permita que a pobreza e outros dramas de opressão social sejam esquecidos; proteja os trabalhadores e trabalhadoras e os seus direitos; instrua e inspire aos empregadores a colocarem a vida de seus colaboradores acima do lucro; proteja as Igrejas em sua fidelidade ao evangelho e ao Papa Francisco em seu testemunho de humanidade e fé; ensine a valorizarmos as relações humanas; console os enlutados e conduza aos braços da Trindade Santa as vítimas fatais do coronavirus. Amém!


Reflexões marianas em tempos de quarentena II

Pe. Nelito Dornelas

Teu Filho nasceu e continuas grávida, cheia de graça e cheia de Deus (Dom Helder Câmara)

O mês de maio é fértil em comemorações: 132 anos de abolição da escravatura, 102 anos da aparição de Maria em Fátima, dia das mães, festa da ascensão de Jesus, dia mundial das comunicações sociais, pentecostes, semana de oração pela unidade dos cristãos, 57ª Jornada Mundial de oração pelas vocações sacerdotais e religiosas e uma infinidade de atividades culturais e sociais.

Ao celebrar Nossa Senhora de Fátima, trazemos à memória a princesa de Fátima, uma muçulmana que viveu naquele sitio e gozava de afeto e devoção de seu povo. Maria se apresenta neste mesmo lugar aos três pastorzinhos com os mesmos traços da princesa islã. Hoje este santuário é um lugar privilegiado de peregrinação, acolhimento e diálogo dos imigrantes muçulmanos que chegam à Europa. Que bela lição!

Celebrando o dia das mães, nosso olhar se volta para a devoção popular, que sente a proximidade de Maria, aquela que Jesus nos deu como mãe, conforme nos recorda o evangelista João (19, 26). E o Papa Francisco tem insistido muito que Maria é, acima de tudo, mãe.

A partir daí, pode-se afirmar que Jesus, pensando na nova família, por ele inaugurada, para além do estreito círculo nuclear, transfere a Maria esta missão aglutinadora e mobilizadora das mais nobres energias do Reino, que, a partir da comunidade eclesial estaria aberta a todos, numa dimensão universal,

Existencialmente sabemos que a mãe é como o coração da casa. É aquela que está perto de todos em todos os momentos, especialmente nas horas de sofrimento, de incertezas e de luta. Por isso, Maria, como mãe, é quem realmente congrega o povo crente. Ela tem um maior poder de convocação das pessoas do que qualquer líder da história. Alias, na história do ocidente, sobretudo em nosso continente, não só os líderes hierárquicos, mas também os líderes carismáticos populares reuniram o povo em torno da imagem de Maria para realizar os compromissos ou campanhas a serviço do próprio povo e de sua libertação.

Ao nos lembrarmos de Maria, recordemos aqui alguns líderes populares como o Padre Hidalgo e Emiliano Zapata, ambos no México, que, sob a bandeira de Nossa Senhora de Guadalupe promoveram a libertação daquela nação. Padre Cícero Romão Batista, que, a partir do Cariri cearense cria a nação romeira em torno de Nossa Senhora das Dores. Antônio Conselheiro, no sertão baiano arregimenta os degredados filhos de Eva, em Canudos sob a devoção a Nossa Senhora das Grotas. Recordemos a revolução paraense da Cabanada que se alimenta do Círio de Nazaré. Em Aparecida encontram-se os escravos pescadores, que, na pesca milagrosa constroem a libertação, assim como em Cuba os escravos se articulam sob a égide de Nossa Senhora do Cobre. Quantos movimentos libertários marcharam por este Continente Latino Americano invocando Maria como mãe da libertação, protetora dos pobres e dos desvalidos.

O povo sente que nada se pode negar a ela, à mãe, pois quando todo poder humano de repressão se abateu sobre seu filho, Jesus crucificado, quando ninguém aguentava ficar com Ele, Maria permaneceu ao lado de sua cruz até o fim. Nada pode separá-la, inclusive hoje, do lugar onde seus outros filhos e filhas estão crucificados. Depois da tragédia da sexta-feira santa, Maria continua em sua espera fecunda até a marcha da Ressurreição, convocando-nos a permanecermos unidos, praticando ações imediatas e possíveis, concatenadas e progressivas, apontando para a Utopia final cantada por ela no Magnificat: de agora em diante todas as gerações me chamarão de bem aventurada, pois o Poderoso fez em mim maravilhas e santo é o seu nome! Derrubou dos tronos os poderosos e exaltou os humildes.

Assim cantam as comunidades na voz do cantor e compositor Zé Vicente. Virá o dia em que todos, ao levantar a vista veremos nesta terra reinar a liberdade. Minha alma engrandece o Deus libertador, se alegra meu espírito em Deus meu salvador, pois ele se lembrou do seu povo oprimido e fez da sua serva a mãe dos esquecidos. Imenso é seu amor, sem fim sua bondade pra todos que na terra lhe seguem na humildade. Bem forte é nosso Deus, levanta o seu braço, espalha os soberbos, destrói todos os males. Derruba os poderosos dos seus tronos erguidos com sangue e o suor do seu povo oprimido. E farta os famintos levanta os humilhados, arrasa os opressores, os ricos e os malvados. Protege o seu povo com todo o carinho, fiel é seu amor em todo o caminho. Assim é o Deus vivo que marcha na história, bem junto de seu povo em busca da vitória.

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