DAR SENTIDO À VIDA

 

Dar sentido à vida

Pe. Nelito Dornelas

Diante do momento presente de nossa história, das ameaças que nos atormentam e dos ânimos acirrados, devemos fazer nossas as palavras do Patriarca Ortodoxo Atenágoras: 

Não tenho mais medo. A mais dura das guerras é a guerra contra si mesmo. É preciso chegar a desarmar-se. Tenho lutado nesta guerra durante anos. Foi terrível. Mas, hoje, estou desarmado. Não tenho mais medo de nada, porque o amor lança fora o temor. Estou desarmado da vontade de ter razão, de justificar-me, desqualificando os outros. Não estou mais em guarda, na defensiva, ciumentamente crispado sobre minhas riquezas. Acolho e partilho. Não estou mais particularmente voltado para minhas ideias e projetos. Se alguém me apresenta outras melhores, ou simplesmente boas, aceito-as sem mágoa. Renunciei ao comparativo. Aquilo que é bom, verdadeiro, real é simplesmente melhor para mim. Por isso não tenho mais medo. Se estamos desarmados, despojados, abertos ao Deus-homem que faz novas todas as coisas, Ele apaga o passado ruim e nos traz um tempo novo onde tudo é possível.

O músico Gabriel O Pensador, após a dura experiência da perda do pai, escreveu a música A cura tá no coração, visando arrecadar fundos para a campanha HC Com Vida, com o intuito de fortalecer a luta contra a covid-19 do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina.

A letra, inspirada na oração de São Francisco de Assis, é uma auto crítica e uma chamada à reflexão sobre os nossos comportamentos antes da pandemia, em seus aspectos de “normalidade”.  Ao mesmo tempo somos desafiados a uma nova postura de vida corresponsável pelo outro e consigo mesmo.

A cura tá no coração

Todos dormem, cada um sonhando em sua cela/Tô fugindo da loucura, olhando pra janela/Não dormi, a pandemia já deixou sequela/Poesia me procura e eu nunca fujo dela/Isolado, mas nem tanto, tô conectado/Mas me sinto abandonado como um náufrago na ilha deserta/Com saudade do calor de um abraço apertado/

Meu pulmão tá funcionando, mas meu peito aperta/ Quando eu penso nesse vírus e em vários assuntos/No passado mais recente e em tudo que passamos juntos/ Pensando bem, juntos não, mais ou menos/Mais pra menos que mais, juntos jamais estivemos/ Cada um com seus problemas, resolvendo pelo ódio/Cada um por si, e vale tudo pra chegar no pódio/ Cada um na sua bolha, todo o resto é inimigo/Cada um fazendo escolhas, olhando pro próprio umbigo/ 

O mendigo ali dormindo tá com um sorriso na cara/Será que ele tá sonhando rindo da cara dos caras que passam fechando a cara?/Que felicidade rara!/Será que ele sempre dorme assim e a gente não repara?/Tem gente que se mascara com um sorriso de mentira/ E só quando tira a máscara a gente vê que é traíra/Tipo Judas com Jesus, essa história é antigona/ Aconteceu 2020 anos antes do  corona!/

A cura tá no coração/Só procure mais amar do que ser amado/Onde houver discórdia, leve a união/Tamo junto e nosso amor nunca vai ser parado/A cura tá no coração/Só procure mais amar do que ser amado/Onde houver discórdia, leve a união/Tamo junto e nosso amor nunca vai ser parado/Janelas sem grade, sem ansiedade, viver de verdade, não dá pra fingir/ 

Churrasco na esquina, Capela Sistina, Muralha da China, lugares pra ir/A vista é tão bela, parece uma tela mais psicodélica que as do Dali/Derreto os relógios que o tempo é fumaça/E a tempestade passa pro Sol ressurgir/

Sem pressa, a história recomeça com o morador de rua sem ninguém na praça/Quando chega uma gari que varre o lixo e dá o papo sobre um bicho/Que se pega até no ar, pela boca e pelo nariz/Trazendo o medo e a desgraça deixando o mundo infeliz/Ele abaixa e pega um pedaço de pão no lixo e diz/Princesa, a falta de ar pra alguns pode ser útil/

Pra valorizar o que é simples em vez do que é fútil/E nessa noite eu tive um sonho e agora tenho certeza/A natureza tá fazendo uma limpeza como você faz/Levando muita gente boa pra outra dimensão/Pra ver se os que vão ficar nessa aprendem um pouco mais/Pra ver se a gente agora escuta a voz que berra/Na floresta, na geleira e em todos os cantos da Terra/E enxerga que é capaz até de interromper a guerra/

Pra buscar uma solução em paz quando a engrenagem emperra/Quem erra empurra os outros pro buraco/E todos estão no mesmo barco mas não é Arca de Noé/ Só o ser humano afunda com seu ego e até o ouro perde o brilho/

Quando um pai chegando em casa não pode abraçar um filho/É, o vírus nos roubou os abraços/Pra gente se lembrar da importância desses laços/Amizade, gentileza, perdão e misericórdia/E pode ser que a gente leve união onde houver discórdia/Luz onde houver trevas, esperança onde houver desespero/

Que a gente entenda que a riqueza não é o dinheiro/ E que os guerreiros de todos os serviços são essenciais/E que lembremos disso nos dias normais!/ A cura tá no coração/Só procure mais amar do que ser amado/Onde houver discórdia, leve a união /

Tamo junto e nosso amor nunca vai ser parado/A cura tá no coração/Só procure mais amar do que ser amado/Onde houver discórdia, leve a união/

Tamo junto e nosso amor nunca vai ser parado/ Janelas sem grade, sem ansiedade, viver de verdade, não dá pra fingir/Churrasco na esquina, Capela Sistina, Muralha da China, lugares pra ir/A vista é tão bela, parece uma tela mais psicodélica que as do Dali/ Derreto os relógios que o tempo é fumaça/E a tempestade passa pro Sol ressurgir.

 

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