DIA MUNDIAL DO POBRE
Dia Mundial do Pobre e o aumento da pobreza no Brasil
Pe. Nelito Dornelas
Segundo o Ministério da Cidadania aumentou consideravelmente a pobreza extrema no país atingindo 13,2 milhões de pessoas. Nos últimos sete anos, mais de 500 mil pessoas entraram em situação de miséria.
O Nordeste brasileiro tem o pior cenário, sendo que as maiores taxas a cada 100 mil habitantes são do Piauí (14,087), Maranhão (13,861) e Paraíba (13,106). De junho de 2018 a junho de 2019, Roraima e Rio de Janeiro tiveram o maior aumento da extrema pobreza, com incrementos de 10,5% e de 10,4%, respectivamente.
Estamos agora diante de um impasse, pois em 2014, a FAO, organismo da ONU que cuida da questão dos alimentos no mundo, retirou o Brasil do Mapa da Fome, considerando as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Agora o país pode voltar a fazer parte do Mapa da Fome.
No Distrito Federal, o total de famílias inscritas no Cadastro Único, até junho de 2019, era de 158.280, entre as quais 71.091 com renda familiar per capita de até R$ 89,00 por mês.
Segundo o IBGE, entre 2016 e 2017, a pobreza no Brasil passou de 25,7% para 26,5% da população. O número dos extremamente pobres, aqueles que vivem com menos de R$ 140 mensais, saltou de 6,6% para 7,4% dos brasileiros.
A mensagem profética do Papa Francisco para o Dia Mundial do Pobre
"Estamos diante de uma descrição realmente impressionante que jamais poderíamos imaginar". Porém, os pobres sabem que Deus não pode abandoná-los: é por isso que vive sempre na presença daquele Deus que se lembra dele. E que Deus é “aquele que ‘escuta’, ‘intervém’, ‘protege’, ‘defende’, ‘redime’, ‘salva’. “Os pobres nunca encontrarão Deus indiferente ou silencioso ante sua oração".
"Você pode erguer muitas paredes e bloquear as portas de entrada com a ilusão de se sentir seguro com suas próprias riquezas em detrimento daqueles que permanecem fora", mas "não será assim para sempre". Deus "destruirá as barreiras construídas entre os países e substituirá a arrogância de uns poucos com a solidariedade de muitos".
"A Palavra de Deus indica que os pobres são aqueles que não têm o que é preciso para viver porque dependem dos outros. Eles são os oprimidos, os humildes, os que estão prostrados ao chão". Ainda assim, "diante desta vasta multidão de indigentes, Jesus não teve medo de se identificar com cada um deles: ‘Sempre que fizeres a um destes, meus irmãos pequeninos, fizeste isso comigo’”. "Fugir desta identificação é equivalente a falsificar o Evangelho e atenuar a revelação".
"Os séculos passam e a felicidade evangélica parece cada vez mais paradoxal; os pobres estão ficando mais pobres, e hoje em dia o são ainda mais" porém, "a Igreja, por estar próxima dos pobres, se reconhece como um povo estendido entre tantas nações, cuja vocação é a de não deixar ninguém se sentir estranho ou excluído, porque envolve todos em um caminho comum de salvação".
"A promoção dos pobres, também no social, não é um compromisso externo ao anúncio do Evangelho, pelo contrário, manifesta o realismo da fé cristã e sua validade histórica".
"O grito dos pobres foi escutado e produziu uma esperança inquebrável, gerando sinais visíveis e tangíveis de um amor concreto que hoje também podemos reconhecer”.
"A esperança também é comunicada através do consolo", conclui Francisco, que exorta os crentes a "descobrirem, em cada pobre que encontrarem, o que ele realmente precisa; não para parar na primeira necessidade material, mas ir mais longe, descobrir a bondade escondida em seus corações".
E, em primeiro lugar, reconhecer que "os pobres precisam de Deus". "Os pobres precisam de nossas mãos para voltar, nossos corações para sentir novamente o calor do afeto, nossa presença para superar a solidão. Simplesmente, eles necessitam de amor".
“Por um dia deixemos de lado as estatísticas; os pobres não são números a que se possa recorrer para alardear com obras e projetos. Os pobres são pessoas às quais é preciso ir ao encontro: são jovens e anciãos sozinhos, a quem se pode convidar para entrar à casa para compartilhar a comida; homens, mulheres e crianças que esperam uma palavra amigável. Os pobres nos salvam porque nos permitem encontrar o rosto de Jesus Cristo”.